TSE decide barrar nas
eleições desse ano candidatos com contas rejeitadas
Em uma drástica mudança em relação a
julgamentos anteriores, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu nesta
quinta-feira (1º) impedir que candidatos com contas rejeitadas disputem as
eleições a partir deste ano. Por 4 votos a 3, a corte definiu que não concederá
registro aos postulantes a cargos públicos que tiveram as contas rejeitadas até
hoje.
Segundo a ministra Nancy Andrighi, há
atualmente 21 mil candidatos nesta situação. Não foi estabelecido um prazo para
a avaliação de contas já rejeitadas, mas caso o TSE venha a definir um limite,
o número de barrados diminuirá. “A decisão que desaprovar as contas de
candidato implicará o impedimento de quitação eleitoral. Não falamos em prazo”,
disse Ricardo Lewandowski. A certidão de quitação eleitoral é documento
necessário para obtenção do registro de candidatura, sem o qual o candidato não
pode concorrer.
O tribunal vai analisar caso a caso eventuais
liberações de candidaturas apesar da rejeição de contas.
"O candidato que foi negligente e não
observou os ditames legais não pode ter o mesmo tratamento daquele zeloso que
cumpriu com seus deveres. Assim, a aprovação das contas não pode ter a mesma
consequência da desaprovação”, disse Andrighi ao reafirmar que quem teve contas
rejeitadas não está quite com a Justiça Eleitoral.
Em 2010, o TSE tinha decidido que a simples
apresentação das contas já seria suficiente para a concessão do registro. O
tribunal deu nova interpretação à legislação eleitoral, o que visa evitar
contestações de alteração das regras para as eleições municipais a menos de um
ano antes do pleito –o que é proibido.
A Corte definiu que se as contas forem
rejeitadas depois da posse de um candidato, a sanção valeria para as eleições
seguintes.
Votaram a favor da decisão os ministros Nancy
Andrighi, Marco Aurélio de Mello, Cármen Lúcia e o presidente do TSE, Ricardo
Lewandowski. Contra ficaram Gilson Dipp, Arnaldo Versiani e Marcelo Ribeiro.
Irritado, Dipp se manifestou e criticou a decisão ao afirmar “meu Deus do céu”.
O TSE exige dos candidatos a discriminação de
gastos com comitês eleitorais, material de campanha, pessoal, entre outros. No
Brasil, o financiamento é misto: em parte privado, mas também com recursos
públicos do fundo partidário.
A sessão definiu as regras para as eleições
municipais deste ano, em termos de arrecadação, gastos e posterior prestação de
contas. A corte tinha até 5 de março, a próxima segunda-feira, para estabelecer
essas diretrizes.
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